Bruce Lee tem uma história de vida interessante. Além de ter sido um ícone cultural como o principal responsável pelo início da onda de interesse ocidental por artes marciais nos anos 60 e 70, ele também influenciou o cinema no ocidente e oriente, e é visto por muitos como um modelo na busca da eficiência física e no domínio das artes marciais
Não é um fato amplamente conhecido fora do círculo dos fãs, mas Bruce Lee também era graduado em Filosofia, pela Universidade de Washington. E a visão adquirida desta forma transpira para seus métodos e mesmo para seus livros de artes marciais. Quem leu o livro “Getting things done” (GTD) e conhece a citação de “mind like water”, sobre buscar ter a mente maleável e adaptável como a água, que simplesmente absorve o que é jogado dentro dela, se agita apenas durante o processo, e logo retorna ao seu estado original, talvez se surpreenda ao saber que Bruce Lee também defendia o mesmo princípio (para quem gosta: “Be formless… shapeless, like water. If you put water into a cup, it becomes the cup. You put water into a bottle; it becomes the bottle. You put it into a teapot; it becomes the teapot. Water can flow, and it can crash. Be water, my friend…”). Aliás, David Allen, o autor do GTD, também era praticante de artes marciais.
Bruce Lee e Chuck Norri
E as dicas de filosofia de vida que Bruce Lee registrou, quando analisadas separadamente, podem dar boa inspiração e provocar insights. Henrik Edberg montou uma pequena coletânea das dicas de Bruce Lee para colocar a vida em ordem, e eu trago a vocês algumas delas, com a minha própria interpretação:
•O que você está pensando – hoje? Nossos pensamentos, planos e intenções do dia-a-dia devem refletir nossas metas e objetivos de vida, ou de longo prazo. A tendência é que aquilo que nós pensamos ou pretendemos a cada dia sirva de guia ou de limitação para o que podemos alcançar e produzir, e é muito fácil perder a coerência entre o curto e longo prazos. Leia também: Planejamento estratégico: como aplicar à sua vida
•Simplifique. A tendência de quem está procurando melhorar a vida é buscar acrescentar coisas. E pode ser bom, mas muitas vezes não temos o tempo ou a energia para realizar (ou aproveitar) o que buscamos acrescentar. Bruce Lee descreveu a sua visão sobre isso assim: “Não é o acréscimo diário, mas o decréscimo diário. Corte fora o que não for essencial”. Definir o que é essencial depende de cada um, mas o número de pessoas que eu conheço que estão estressadas por tentar fazer muitas coisas ao mesmo tempo só aumenta.
•Aprenda sobre você mesmo observando as suas interações. Ou, como disse Bruce Lee, conhecer a si é estudar a si mesmo em ação com outras pessoas. Como as pessoas interagem com você, ou como reagem à sua presença ou às suas ações, pode ensinar muito a você. Todo mundo já ouviu isso, mas sempre vale lembrar que o que vemos, percebemos e entendemos sobre as outras pessoas pode muitas vezes ser um reflexo do que nós mesmos somos
•Veja o todo, e não apenas o seu lado. Não divida. Na hora de analisar algo, deixe de lado o posicionamento, a busca de saber quem está certo e quem está errado. Exceto nos momentos em que desejar ser conduzido pelas suas emoções, se você quer compreender algo, não seja a favor ou contra, observe a partir de uma perspectiva externa – conduza seu pensamento e suas emoções.
•Não dependa de validação dos outros. Como disse Lee, “não estou neste mundo para satisfazer as suas expectativas, e você não está aqui para satisfazer as minhas.” E mais: “se exibir é a idéia que um tolo faz sobre a glória”. Depender de validação dos outros é uma busca sem fim, e acaba permitindo que os outros (mesmo sem saber) tenham o controle de como você se sente.
•Seja proativo. Uma coisa é compreender as circunstâncias, e outra é criar oportunidades. É mais difícil não se limitar a seguir o que o resto do rebanho já está fazendo. Mas é mais recompensador, e mais efetivo, liderar e criar a oportunidade de se alcançar os objetivos, apesar das circunstância
•Seja você. Não adianta encontrar modelos e personalidades bem-sucedidas e tentar repetir seus passos. Você precisa ser você mesmo, expressar quem você é, e ter fé – no estilo “eu sou mais eu”. Seja genuíno e autêntico, e defenda quem você realmente é, e não um personagem.por Augusto Campos.
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