16/01/2011 - JC nos Bairros
Bombeiros: super-heróis da vida real
Em Bauru e região, 350 profissionais enfrentam o fogo, a água, a terra e o ar e lutam para vencer batalhas que parecem ter saído de histórias em quadrinhos
Toca o telefone.
- Bombeiros, emergência.
- Alô?! Oi, aqui é a Cláudia. A casa da minha vizinha tá pegando fogo. Socorro!
Alguns segundos depois, após colher os dados fundamentais...
A sirene berra, para despertar o batalhão e anunciar que, em no máximo um minuto, os super-heróis do fogo devem estar a bordo da viatura de incêndio da corporação, a caminho de mais uma aventura.
A situação acima parece ter saído das páginas dos gibis de ação. Parece, mas não é. Na verdade, a descrição é apenas o retrato da rotina dos bombeiros de Bauru que, em média, atendem a dez ocorrências de incêndio por semana.
Mas o trabalho dos bravos soldados não se restringe apenas a casos que envolvem fogo. É deles também a missão de cortar o céu, superar as barreiras da terra e enfrentar a força das águas para realizar salvamento em casos de afogamento, resgatar animais em situação de perigo, podar árvores que oferecem risco, socorrer pessoas acidentadas, entre outras ações.
Mas para realizar tais tarefas, que impressionam até mesmo os super-heróis mais experientes, é preciso ter determinação, garra e deixar o medo de lado.
“Para ser bombeiro, o requisito fundamental é gostar muito da profissão e, além disso, ter muita disposição. Isto porque, quando menos se espera, pode ter uma ocorrência. Já houve casos em que a tropa foi acordada na primeira hora da madrugada para socorrer uma pessoa acidentada. Depois de finalizado o trabalho, retornaram o quartel e, meia hora depois, foram acordados novamente por outra ocorrência”, conta o tenente Cláudio Augusto Antunes da Silva, bombeiro há 18 anos.
Mas o esforço destes profissionais é reconhecido. Em 2009, uma pesquisa pelo Ibope em parceria com o instituto Growth From Knowledge (GFK) apontou os bombeiros como sendo os profissionais mais confiáveis do mundo, com 92% de aprovação dos entrevistados.
Em Bauru, três quartéis de bombeiros são responsáveis por oferecer suporte aos bairros nos casos mais inusitados. Eles estão localizados na Vila Falcão, no Distrito Industrial 1, e no Centro, onde fica a sede do 12º Grupamento de Bombeiros, visitado pela equipe do JC nos Bairros na última terça-feira, dia 11.
Em termos de equipamento, a cidade possui três viaturas de incêndio, que dispõem, entre outras coisas, de mangueiras de água, motosserra, material para corte de ferragens, botes; uma viatura de salvamento e munck; uma de comando de área; duas de resgate; e um caminhão equipado com sala, quarto, cozinha e banheiro, que custou cerca de R$1,4 milhão e é o único do Estado.
Além disso, outros nove quartéis estão espalhados pela região, e atendem a 69 cidades vizinhas. No total, contabilizando o departamento administrativo e operacional, Bauru e região contam com cerca de 350 bombeiros.
O contingente e os equipamentos podem parecer excessivos, porém o que não falta é trabalho. O Cobom recebe, por dia, cerca de 400 cha
madas, sendo que cerca de 30 delas se transformam em ocorrências.
“Deste total, cerca de 80 ligações é trote e as outras chamadas em duplicidade ou de coisas que não competem ao bombeiro. Ainda assim, se você pensar bem, 30 chamadas é mais de uma ocorrência por hora”, calcula o sargento Gliceu Grossi.
Mas não criemos pânico porque, se depender da boa vontade desta liga da justiça, os bairros de Bauru estarão sempre a salvo dos perigos.
Como fazer parte
Ter entre 18 e 30 anos, não ter antecedentes criminais, ter concluído o segundo grau, e medir no mínimo 1,65 metro de altura são alguns dos pré-requisitos para quem deseja se tornar um bombeiro do Estado de São Paulo.
Mas todos estes pré-requisitos não bastam. Antes de tornar-se um soldado do fogo é preciso que a pessoa participe e seja aprovado em um concurso público e, na sequência, faça um ano de curso na Escola Superior de Bombeiros (ESB), em Franco da Rocha.
“É quando o futuro bombeiro vai adquirir noções de direito, de administração, de como manusear equipamentos, apagar incêndios, efetuar salvamentos, entre outras coisas”, explica o tenente Cláudio Augusto Antunes da Silva, do 12º Grupamento de Bombeiros de Bauru.
Outra opção é prestar o concurso público para Polícia Militar e, na sequência, prestar prova interna para o Corpo de Bombeiros.
O salário inicial bruto é de aproximadamente R$ 2.200,00. Além disso dá para fazer carreira na corporação.
“A pessoa começa como soldado ou oficial, no caso de ter formação de quatro anos pelo Barro Branco. Depois, por concurso interno, pode passar a cabo, terceiro sargento, segundo sargento, primeiro sargento, subtenente, segundo tenente, primeiro tenente, capitão, major, tenente coronel e, por fim, coronel”, enumera Cláudio Augusto.
Wanessa Ferrari
Os bombeiros são mesmo heróis da vida real. Só quem já precisou sabe o alívio de vê-los chegar.
ResponderExcluirBeijos