quinta-feira, 30 de julho de 2009

Aventura: Que fria! Na bagagem, coragem

Aventura: Que fria!
Bauruense planeja enfrentar - e superar - um desafio pra lá de arriscado: conhecer de moto a Patagônia no inverno
Gabriel Pelosi
Com sua motocicleta, Alexandre Munhoz de Freitas, 27 anos, já foi para o Deserto de Atacama, no Chile, para o Norte, Nordeste e o sertão brasileiro, para o Uruguai, Peru, Bolívia e Argentina. Mas desta vez, o técnico em eletrônica e estudante de geografia bauruense resolveu enfrentar durante o mês de julho um desafio um pouco mais complicado. Alexandre vai de moto para a Patagônia. Detalhe: no inverno.

A Patagônia é uma região ao extremo sul do continente americano que compreende o sul da Argentina e o sul do Chile. A região mais meridional do continente é conhecida como Terra do Fogo e é marcada pelos ventos que ocorrem em grande parte do ano, também o habitat de pinguins e leões-marinhos. Mesmo no verão, a temperatura pode chegar a -5ºC. No inverno, então, imagine só o quão frio pode ser a temperatura.

Mas, com uma moto trail de 660 cilindradas e 40 quilos de bagagem na garupa, o bauruense vai encarar o percurso de aproximadamente 14 mil quilômetros entre asfalto, cascalho e neve. O motivo? Ele usa o argumento de que a expedição servirá como conhecimentos que poderão ser aplicados no curso de geografia. De fato! Mas, simplesmente a paixão que o bauruense tem pelas duas rodas aliada à possibilidade de conhecer novas culturas já são suficientes para ele entrar em mais esse desafio.

Alexandre tem consciência dos perigos que envolvem uma viagem como essa. “No verão todo mundo vai. Quero ver como é o outro lado da história. Quero ver como é no inverno. Eu escolhi viajar nessa época porque é de desafios que gosto. Você está fazendo uma reportagem de um cara que está saindo para uma viagem, mas não sabe se ele irá voltar.”

O motociclista está programando a viagem para a Patagônia desde que voltou da expedição anterior, quando rodou mais de 10 mil quilômetros até o Amazonas, Peru, Bolívia e Argentina. A idéia inicial era fazer uma viagem para Venezuela, Colômbia e Equador, mas o aventureiro abortou a idéia motivado pelos problemas políticos e sociais que passam estes países. Ele preferiu encarar de moto a neve do sul do que possíveis atos de violência mais ao norte do continente.

Segundo Alexandre, a viagem custará cerca de 3.500 reais, entre combustível, alojamento e alimentação. A previsão é de que sejam consumidos 900 litros de gasolina. O tanque de 15 litros da moto dá autonomia de 250 quilômetros e Alexandre levará mais um galão reserva de 10 litros. “Estou prevendo gastar cerca de 55 reais por dia: 25 para dormir, 15 para almoçar e 15 para jantar”, deduz.
Na bagagem, coragem

Serão 40 quilos de equipamentos distribuídos na garupa da moto. Em escala de importância não está o pneu reserva, ferramentas ou barraca para camping. Alexandre elenca: “O que é mais importante levar na bagagem é a coragem, em primeiro lugar, e a preparação física em segundo. Depois vêm as ferramentas para manutenção rápida, pneu reserva, equipamento para camping, comida rápida, kit de primeiros socorros, telefones de consulados brasileiros, entre outros”. Além dos equipamentos indispensáveis já citados, Alexandre ainda levará máquina fotográfica, filmadora, GPS, uma caderneta como diário de bordo e o cartão de crédito para eventuais emergências.

Para a preparação física, Alexandre usa o moutain bike com os amigos. Já para a preparação psicológica, ele conta que está sempre lendo alguma coisa sobre quem já fez uma viagem parecida ou sobre os lugares que irá passar durante a aventura.


Imprevistos

Estar em uma região onde se conhece pouco pode causar surpresas ao viajante. De moto, os imprevistos têm proporções ainda maiores. Pode acontecer de furar um pneu, arrebentar a corrente, amassar a roda. “Posso estar em um lugar deserto e ter que empurrar a moto por quilômetros até encontrar um lugar para arrumar”, conta.

Mas o fato mais curioso que Alexandre já teve que enfrentar em viagens como essa foi o caráter duvidoso de algumas autoridades locais. “Em alguns lugares que passei, as autoridades procuram problemas na moto. Já chegaram a exigir extintor de incêndio, triângulo de sinalização e até saco mortuário. E exigem propina para liberar você para a viagem”, revela.

Alexandre viaja no dia 1º de julho e pretende percorrer os 14 mil quilômetros em 30 dias. Para viabilizar a viagem ele teve o apoio de AGT Eletromecânica, Gilfer, Oeste Vedações, Pro Market, Pako Color e Eletro Ponto.
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Quem já esteve lá

É claro que uma viagem de moto é muito diferente da de carro. O médico Antônio Carlos Telles Nunes, membro do grupo de fotógrafos bauruenses Focopoint, já esteve na Patagônia em duas oportunidades. Na última, Telles Nunes foi de jipe, em 2001. “Eu acredito que a Patagônia seja uma das poucas regiões inóspitas do planeta”, diz.

O médico incentiva as pessoas a conhecerem a Patagônia, mas alerta, através da reportagem para que Alexandre tenha cuidado especial com o vento, que é muito forte na região. “É uma viagem fantástica. Vi muitos motoqueiros no caminho. Conversei com um rapaz que estava vindo de moto do Alaska, nos Estados Unidos, e ia até o Ushuaia. Acho que a única dificuldade que ele deve ter é com as rajadas de vento, que são muito fortes. Cheguei a ver carros tombados na estrada por conta do vento. Outro cuidado é com o combustível. Agora deve ter melhorado a infra-estrutura por lá, mas quando fui a grande dificuldade era encontrar postos de gasolina em algumas regiões”, come

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