Idosos são mais vulneráveis ao traumatismo craniano
Por Maria Fernanda Schardong
Uma queda dentro de casa. Um evento sem danos aparentes que pode levar a problemas sérios. Nem sempre visível no momento da queda, o traumatismo crânio encefálico (TCE) é uma das principais causas de internação de idosos e pode causar danos ao funcionamento, metabolismo e ao fluxo sanguíneo do cérebro.
O professor da Faculdade de Ciências Médicas da Uerj, Max Carvalho, afirma que as consequências do trauma dependem do tipo, da extensão do tecido cerebral afetado e da localização das lesões. O TCE pode apresentar-se de duas maneiras: fechado ou penetrante. Na primeira, não existe fratura no crânio. Já na segunda, a gravidade é maior.
Os problemas pós-TCE são de três ordens: neurológicos (motores e sensitivos), cognitivos (perda da memória, dificuldades na concentração e atenção) e psiquiátricos. "Entre os principais problemas psiquiátricos estão as mudanças de personalidade, como irritabilidade, impulsividade, hiperatividade, instabilidade afetiva, juízo crítico prejudicado, apatia, explosões de raiva e comportamento violento”, afirma Carvalho.
Detectar um trauma como este é mais um obstáculo para quem sofre a lesão. O médico explica que, muitas vezes, exames superficiais não conseguem detectar o traumatismo. “É importante ressaltar que os indivíduos com importantes sequelas por TCE podem parecer estar clinicamente bem, mas somente exames e testes neuropsicológicos específicos podem determinar a verdadeira extensão do problema”, ressalta o professor.
Além de danos neurológicos e psiquiátricos, as complicações causadas pelo trauma afetam diretamente a autonomia e a qualidade de vida dos pacientes. Por isso, detectar a lesão é o primeiro passo para tratar o problema. “Nesta faixa etária é importante atentar ao histórico de quedas. Devemos levar em conta que o paciente pode não se lembrar do evento. Mudanças súbitas de comportamento devem levar à investigação de um possível TCE”, aconselha Max.
De uma simples perda da consciência até o suicídio. A idade é o grande inimigo do cérebro, uma vez que o tempo torna o órgão cada vez mais frágil. E em alguns casos, pode levar à morte. “A morte do paciente está ligada as complicações imediatas causadas pelo TCE, que são mais frequentes nos traumatismos mais graves, de alta velocidade, penetrantes e com danos cerebrais extensos. Desta forma, complicações cognitivas, motoras ou psiquiátricas levam a um aumento expressivo da mortalidade de pacientes idosos”, alerta o médico.
Segundo Max Carvalho, 21% dos casos de TCE em idosos são ocasionados por quedas. “Nesta faixa etária, as lesões causadas pelas quedas são mais graves. Portanto, a idade determina a maior vulnerabilidade à morte por parte desta população”, afirma ele. Além disso, doenças que afetam a locomoção, como o mal de Parkinson e a doença de Alzheimer, aumentam o risco de queda para quem já passou dos 60.
Cada caso uma sentença. O tratamento varia de acordo com a consequência do traumatismo. “Os tratamentos dependem do tipo de complicação observada. Os problemas cognitivos devem ser tratados por reabilitação cognitiva e fonoaudiológica. As complicações psiquiátricas devem ser tratadas por um psiquiatra habilitado a tratar pacientes idosos com lesões cerebrais, especialmente pelas complicações específicas do tratamento farmacológico neste grupo de pacientes.”, finaliza Max.
publicada em 31/07/2009
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