sábado, 1 de agosto de 2009

Faixa de risco Uma queda dentro de casa

Idosos são mais vulneráveis ao traumatismo craniano

Por Maria Fernanda Schardong






Uma queda dentro de casa. Um evento sem danos aparentes que pode levar a problemas sérios. Nem sempre visível no momento da queda, o traumatismo crânio encefálico (TCE) é uma das principais causas de internação de idosos e pode causar danos ao funcionamento, metabolismo e ao fluxo sanguíneo do cérebro.



O professor da Faculdade de Ciências Médicas da Uerj, Max Carvalho, afirma que as consequências do trauma dependem do tipo, da extensão do tecido cerebral afetado e da localização das lesões. O TCE pode apresentar-se de duas maneiras: fechado ou penetrante. Na primeira, não existe fratura no crânio. Já na segunda, a gravidade é maior.



Os problemas pós-TCE são de três ordens: neurológicos (motores e sensitivos), cognitivos (perda da memória, dificuldades na concentração e atenção) e psiquiátricos. "Entre os principais problemas psiquiátricos estão as mudanças de personalidade, como irritabilidade, impulsividade, hiperatividade, instabilidade afetiva, juízo crítico prejudicado, apatia, explosões de raiva e comportamento violento”, afirma Carvalho.



Detectar um trauma como este é mais um obstáculo para quem sofre a lesão. O médico explica que, muitas vezes, exames superficiais não conseguem detectar o traumatismo. “É importante ressaltar que os indivíduos com importantes sequelas por TCE podem parecer estar clinicamente bem, mas somente exames e testes neuropsicológicos específicos podem determinar a verdadeira extensão do problema”, ressalta o professor.



Além de danos neurológicos e psiquiátricos, as complicações causadas pelo trauma afetam diretamente a autonomia e a qualidade de vida dos pacientes. Por isso, detectar a lesão é o primeiro passo para tratar o problema. “Nesta faixa etária é importante atentar ao histórico de quedas. Devemos levar em conta que o paciente pode não se lembrar do evento. Mudanças súbitas de comportamento devem levar à investigação de um possível TCE”, aconselha Max.



De uma simples perda da consciência até o suicídio. A idade é o grande inimigo do cérebro, uma vez que o tempo torna o órgão cada vez mais frágil. E em alguns casos, pode levar à morte. “A morte do paciente está ligada as complicações imediatas causadas pelo TCE, que são mais frequentes nos traumatismos mais graves, de alta velocidade, penetrantes e com danos cerebrais extensos. Desta forma, complicações cognitivas, motoras ou psiquiátricas levam a um aumento expressivo da mortalidade de pacientes idosos”, alerta o médico.



Segundo Max Carvalho, 21% dos casos de TCE em idosos são ocasionados por quedas. “Nesta faixa etária, as lesões causadas pelas quedas são mais graves. Portanto, a idade determina a maior vulnerabilidade à morte por parte desta população”, afirma ele. Além disso, doenças que afetam a locomoção, como o mal de Parkinson e a doença de Alzheimer, aumentam o risco de queda para quem já passou dos 60.



Cada caso uma sentença. O tratamento varia de acordo com a consequência do traumatismo. “Os tratamentos dependem do tipo de complicação observada. Os problemas cognitivos devem ser tratados por reabilitação cognitiva e fonoaudiológica. As complicações psiquiátricas devem ser tratadas por um psiquiatra habilitado a tratar pacientes idosos com lesões cerebrais, especialmente pelas complicações específicas do tratamento farmacológico neste grupo de pacientes.”, finaliza Max.






publicada em 31/07/2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário